Faltam-nos palavras para expressar nossa indignação. Uma turba de arruaceiros, gente incapaz de respeitar a sociedade, depredou no último domingo (8) as sedes dos três poderes em Brasília, ainda pedindo a instalação de uma ditadura militar. Os baderneiros apoiadores do ex-presidente fizeram uma tentativa de golpe de estado, pela segunda vez após o resultado das eleições; em 12 de dezembro, carros e ônibus foram queimados.
Nós, como trabalhadores da cultura, também nos sentimos atacados pelos terroristas, que destruíram inestimáveis obras de artistas brasileiros. Esses acontecimentos mostram como é nosso dever defender a democracia, que é a expressão do desejo de ditarmos nosso próprio destino como nação, decisões compartilhadas e expressas pelo voto, na escolha de nossos representantes eleitos. Com todos os erros e acertos que o processo democrático inclui, é a forma que escolhemos para ver nossa vontade representada e ela deve ser respeitada e defendida. As centrais sindicais, inclusive a UGT, à qual o Sindcine é filiado, assim como a sociedade civil em peso repudiaram com energia os ataques à democracia em atos por todo o País ontem (9).
Com toda a tristeza que a destruição de bens públicos nos causou, somada à desolação que nos causa ver tanta gente que não compreende o que é democracia, ainda assim vemos nesses acontecimentos trágicos um lado cômico: é hilário assistir aos representantes da extrema-direita clamarem pelos direitos humanos dos terroristas presos, justo eles que tanto pediram sua extinção. Esperemos que os liberais brasileiros tenham aprendido alguma coisa deste longo e doloroso período de quatro anos que felizmente encerrou-se em 1º de janeiro.